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DESTAQUES… Para ver e pensar... 

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Vezes sem conta, escuto a expressão “quem sai aos seus não degenera”.

Ao pensar na expressão "não degenera", num ápice, a expressão "não regenera", ecoou dentro de mim. Momentaneamente, procuro perceber o seu significado na imensidão das questões que surgem em catadupa, e que, por qualquer razão, ficam adormecidas.

De acordo com o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, degenerar (1) perder ou ter alteradas (o ser vivo) as qualidades próprias da sua espécie (2) mudar para um estado ou condição qualitativamente inferior; declinar, estragar-se…! Defina-se regenerar, cujo significado (1) gerar ou produzir novamente; formar-se de novo; (2) dar nova vida a; revivificar (3) efetuar nova organização em…, reorganizar, restaurar, reconstruir…

 

A dúvida, a confusão, apoderam-se de mim… olho à minha volta e tudo parece estar tranquilo. Mas, vejo-me como um reflexo do Outro. Como que uma espécie de aniquilamento do pensar e do sentir tomasse conta de mim, a ausência de um lugar próprio em coisas que parecem tão simples… E, vezes sem conta, pergunto a mim próprio: quem sai aos seus não regenera? Poderei regenerar, sem degenerar? Existe espaço para regenerar, mesmo quando assimilo internamente que partes minhas são o reflexo daquilo que foi passado trangeracionalmente? Na verdade, nos segmentos de tempo vividos, no aqui e agora, pouca importa o que sinto, o que penso e/ou o que sou, aos olhos do Outro.

 

- E aos teus olhos?

 

Aos meus olhos… entre olhares fugazes para dentro de mim, percebo que não sei caminhar sozinho e o quão difícil é caminhar sozinho, mesmo quando acompanhado entre multidões que opinam acerca de mim, de ti, de nós, como se não fosse permitido imaginar, sonhar, pensar, sentir (por minha/nossa conta!!). Se ao menos pudessem compreender-me, se ao menos pudessem dar-me a mão e caminhar comigo, se ao menos pudessem acompanhar-me nas minhas inseguranças e medos…

 

Afinal, o que vim aqui fazer? Procuro dar um sentido ao meu mundo. Sinto-me como um vulcão em erupção… a ânsia de amar, a ânsia de viver, a ânsia de me permitir envolver com a vida de forma apaixonante e serena. Mas não sei, não sei como fazê-lo. Não consigo imaginar-me como protagonista da minha própria história. Os movimentos, na direção contrária ao esperado, provocam olhares que não consigo decifrar. Os silêncios, amargos, que acompanham esses movimentos, opõem-se à dúvida entre poder descobrir o melhor de mim, poder ser diferente e o aprisionamento a um “não Eu” que me sufoca e que me enraivece, mas que não me consigo desenraizar. Será este o significado de não degenerar? E pergunto-me “qual o meu lugar?”

 

- E qual será o teu lugar?

 

- Ainda não sei!! Uma parte desconhecida de mim e que procuro encontrar. Não estou certo como explicar! Por vezes, sinto que cada passo, mesmo que pequeno, em direção à “porta” se transforma num movimento doloroso e difícil de concretizar!

 

Talvez possa encontrar-me amanhã, depois quem sabe… talvez, talvez, talvez… continuo a tentar… talvez um dia consiga dizer adeus! E, como algum dia escutei, também eu possa dizer “here comes the sun!! E, subtilmente, possa sair. E, subtilmente, possa regressar, permitindo-me “Ser”, num quadro sonhado e colorido.

Quanto?

Quanto valem os teus sonhos?

Quanto custa o apaziguamento interno?

Quanto se gasta em tempos inúteis?

Quanto?

Quanto espaço sobra das tuas infindáveis contas?

Quanto lucro se vislumbra ao fim de enredos maquinais quotidianos?

Quanto ganhas?

Quantos queres?

15.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15.

Escolhe. 

Este.

Ganhaste uma viagem de trabalho ao mundo do faz tudo e não pares. As tuas ajudas de custo vão ser pagas em lentilhas.

Escolhe. 

Este. 

Perdeste a oportunidade. O avião estava em terra mas não levantou voo. Vais passar o resto dos dias com os pés no chão.

Escolhe. 

Aquele. 

Ganhaste a possibilidade de entender o que sentes, perceberes o que desejas. Saberes melhor quem és. Mas o caminho é longo, tu sabes. 

 

Escolhe.

As (in)suportáveis dores do corpo!

Dói-me. Simplesmente, o corpo dói-me.

Vives numa roda viva, certo? Coisas a acontecer, em simultâneo, como se não houvesse amanhã! Já pensaste nisso?

Sim. Mas não dizem “parar é morrer!” Eu não quero morrer… é difícil de entender. Não me sinto compreendido. Talvez nem eu me compreenda. Talvez não consiga verbalizar… Talvez nem eu consiga dar um sentido a mim mesmo, ao que sinto, ao porquê do que sinto.

 

Os dias acontecem… chega a noite… Não consigo dormir! A dificuldade em encontrar a posição (correta!!) que me permita descansar, tranquilamente, mesmo que por instantes.

Levanto-me. O corpo, dorido, caminha, numa espécie de sonambulismo (consciente), à procura de um lugar melhor…

Não encontro! Não encontro! O que sinto? Dor, muita dor.

Nada se ajusta, nada se adequa. Ligo a música. A dureza do chão, acompanha-me. Deito-me, procuro desligar-me, desenraizar-me deste corpo, das dores que me atormentam. 

Por breves instantes, permito-me! Num ápice, deixa de ser possível. O desconforto emerge novamente.

Mais uma noite, sentida, sem sentido, penso!

Novamente, levanto-me. Ainda não amanheceu. Olho as estrelas que brilham na noite ainda escura, numa profunda tristeza. Não há sorrisos rasgados. Não estou sozinha, mas sinto-me sozinha.

Regresso à cama. Quem espera desespera, dizem. E, eu, desespero por descanso (do corpo e da mente).

Amanheço. Vejo os raios de sol a entrar pela janela. Os sorrisos (preocupados) ao meu redor. Um bom dia. A esperança? Penso que sim. Não podes desistir, não podes desistir.

As dores, impeditivas de caminhar (no sentido lato da palavra), acalmaram.

 

Sinto outra vez que há corpo, que há espaço para pensar. Abre-se a porta do sonho novamente. Aproveito… cuido do corpo e da mente.

 

Não desisto de crescer, por dentro.

A simples Complexidade dos dias

Há dias difíceis.

Há dias menos difíceis.

Há dias em que tudo parece simples.

 

Nesses dias, em que tudo parece simples, cada passo, cada movimento, parece refletir-se na simplicidade do corpo em direção ao genuíno, ao que faz sentido, ao significado. A vida parece fluir com normalidade.

 

Nesses dias, em que tudo parece simples, o corpo parece rasgar-se em sorrisos que transcendem o que sentimos… e, como que magicamente, movimenta-se como pássaros a planar nos céus. Na (in)certeza daquilo que somos, seres livres.

 

Nesses dias, em que tudo parece simples, contornam-se obstáculos, a rotina descomplica-se, os afetos sobrepõem-se ao indesejável, ecoam melodias de tranquilidade (momentânea) que nos parecem indicar a certeza do nosso caminho!

Nesses dias, em que tudo parece simples, permitimo-nos sonhar, permitimo-nos contemplar o céu, o mar, o sol. (Re)vivemos o que nos dá prazer. Permitimo-nos sonhar. Permitimo-nos ser. Permitimo-nos existir. Somos, quem somos!!

 

As coisas mais difíceis tornam-se mais simples? Talvez. No entanto, como é difícil entender o desentendimento interno!! Uma parte de nós quer acreditar que sim. A outra parte de nós, continua à espreita, de forma silenciosa, à espera de uma janela de oportunidades para o desamparo, para a solidão, para os olhares fugazes, para as redundâncias, para as ausências, para os silêncios.  

 

E, na correria dos dias, os outros dias…

 

Nos dias menos difíceis, a acalmia (interna) parece desvanecer-se… As mudanças? Não conseguimos percebê-las, não conseguimos explicá-las, mas sentimo-las dentro de nós. As lágrimas, aparentemente sem motivo, escorrem pelo rosto. A ausência de conseguirmos estar em contacto connosco, em contacto com o Outro.

 

Nos dias difíceis, o sofrimento sobrepõe-se ao genuíno, sobrepõe-se ao que é sentido, ao significado. O olhar muda de direção. Já não vemos o mar, já não vemos o sol, já não vemos os pássaros a planar no céu. Os fantasmas assombram o nosso caminho. Tudo deixa de fazer sentido. Deixamos de conseguir sonhar! Como seres frágeis que rodopiam, somos peões num tabuleiro de xadrez constituído somente por peças pretas.

 

Nada está bem. Não estamos bem. Sentimo-nos anulados.

Nada está bem. Não estamos bem. Sentimo-nos aprisionados.

Nada está bem. Não estamos bem. Sentimo-nos despertos pela angústia outrora adormecida.

 

E há dias em que tudo parece simples…

E há dias em que somos, quem somos…

Mas há dias difíceis, muito difíceis e menos difíceis.

E há dias em que nada parece simples…

E há dias em que não somos, quem somos.

 

Enfim, na complexidade do tabuleiro dos dias, é bom quando podemos jogar xadrez com as peças todas: as pretas, as brancas e todas aquelas que a nossa capacidade de sonhar coloque na direção ao genuíno e da construção do sentido. Respira-se melhor quando se assume (internamente) que somos, quem somos, quando somos, mas que também somos, quem somos, quando nem sempre somos o que gostamos de ser.

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Para ler ao escutar a música disponibilizada no vídeo seguinte.

Das tormentas interiores, acordo e regresso a mim.

A IMPORTÂNCIA DA PSICOTERAPIA

 

Olho o mar. Uma brisa suave toca-me no rosto. O brilho do sol, refletido na água, recorda-me os campos dourados das margaridas, companhia comum nas voltas solitárias, espécie de refúgio de esquecimento de mim, esquecimento da dor de sentir, esquecimento da dor de pensar e de viver!

 

Ao longe, as nuvens parecem distrair-se na infinitude dos céus. Imagino como dar-lhes forma, sentido, significado. Por breves momentos, um corpo imaginado dança sobre as nuvens em sublimes movimentos… um corpo que deseja ser…

 

O olhar muda de direção. Lá à frente, as pessoas rodeiam-se – como seres indissociáveis –, nas lagoas de água quente, dispersas pelo areal. Sobressaem as faces rosadas pelo sol, as histórias sem fim, entre risadas, partilha de memórias, desejos, fantasias…

 

Tudo parece estar bem!

Não! Não sentes o perigo? O mar está revolto, as expressões mudaram… sinto uma espécie de tornado – céu carregado de nuvens cinzentas – a apoderar-se de mim, do meu interior!! Sinto-me a desabar. A força do vento teima em mover-me para longe de tudo o que transmite paz. Não vejo ninguém, não consigo pensar…

As ondas, sem rumo, elevam-se terra adentro.

Não consigo fugir. Sinto-me preso ao chão.

Não consigo respirar. Não consigo gritar. Sinto-me a sufocar.

 

Devo ter medo? Os olhares (esbugalhados), à minha volta, parecem refletir gritos de raiva, de desespero, de dor. Os rostos parecem desfigurar-se. Os sorrisos, parados no tempo e no espaço, acompanham os corpos (indissociáveis) que flutuam, como pedaços de madeira de um barco naufragado, à tona.

Não vês? Não sentes?

Não… Quero libertar-me, e não tenho força, não consigo… não me permito ser, não me permito viver…

Anestesiado, e em silêncio, espero pela acalmia! Não percebo o porquê… Teimo em acreditar que amanhã será melhor. E adormeço.

Sonho. Acordo. E, de novo, regresso a mim!

E de novo, olho o mar… mas há um corpo que sente… há uma mente que pensa… há um corpo que dança.

PROCURA UMA SAÍDA: COMO O PSICÓLOGO PODE AJUDAR

 

De forma abrupta, no princípio de tudo,

Os lugares que nos preenchiam, pareceram deixar de existir,

O sentido, daquilo que nos fazia sentido, pareceu deixar de existir,

A luz e o brilho, que refletia dos nossos olhares, pareceu deixar de existir.

De forma abrupta, a Humanidade pareceu tornar-se invisível, ao nosso olhar e ao olhar do Outro.

 

E, no meio do princípio de tudo, as palavras teimavam em não sair…

Os sentimentos recolheram, adormecidos no deambular dos dias,                                                             

Refletiam um tempo de pesar, de solidão, de dor…

Uma espécie de “buraco negro” acompanhado pelas memórias mais remotas, que refletiam um vai e vem de partes despedaçadas, de partes imóveis, de partes sem vida, ansiedades e incertezas…

 

E, no fim do princípio de tudo: afinal, sabemos lidar com isto?

Não sei lidar com isto!

Não sabemos lidar com isto!

Sabemos lidar com isto!?

E agora?

Apetece discutir regras e o cumprimento das mesmas?

Apetece gritar?

Ora, se as palavras se perdem nas dúvidas ou teimam em não sair…

 

Vai ficar tudo bem?

Mas, está tudo bem?

Não percebo!

Não percebes? Como assim?

As ruas estão vazias?

Há expressões vazias, não vês?

Os olhares e as expressões que por aí circundam, teimosamente, dizem o contrário… mas será que não escondem tantas vezes tanta coisa…

Não vês o desespero, a raiva, a zanga, o medo?

Não vês os sorrisos mascarados que se cruzam no(s) nosso(s) caminhos, mesmo quando se usa a máscara ao queixo? Procuram-se respostas internas numa tentativa de devolver tranquilidade…

Mas as palavras perdem-se na dúvida e teimam em não sair…

Corre, corre, corre… Estuda, estuda, estuda… Trabalha, trabalha, trabalha… Adapta-te, adapta-te, adapta-te!

 

Que não se perca a capacidade de sonhar, de imaginar…

Que não se perca o sentido e o significado dos afetos…

Devolve-te à vida!! Desconfinar, internamente, é crucial!

 

Procura uma saída.

Para mais informações sobre intervenção psicológica e acesso a dicionário de saúde mental de A a Z visite a página encontreumasaida.pt

ENIGMA OF CHILDHOOD

The Profound Impact of the First Years of Life on Adults as Couples and Parents

Ronnie Solan em “Enigma of Childhood: The Profound Impact of the First Years of Life on Adults as Couples and Parents” (Enigma da Infância: O Impacto Profundo dos Primeiros Anos de Vida nos Adultos enquanto Casal e enquanto Pais – tradução livre) apresenta-nos uma viagem pela complexidade relacional que se estabelece entre nós e aqueles que nos são próximos. Uma viagem que revela que aquilo que somos e, principalmente, a maneira como agimos, pode ser influenciada por vivências ocorridas desde tenra idade.

De forma mais ou menos automática, são vários os padrões de comportamento e de resposta às situações que vivenciamos no aqui e agora que, não raras vezes, provêm daqueles aspetos mais dolorosos e marcantes e mais difíceis de pensar, do crescimento. Em adultos, nas nossas próprias relações íntimas e na constituição da nossa própria família, podem emergir comportamentos e atitudes disruptivas similares às do nosso passado, evidenciando uma dificuldade em pensar e transformar o que fomos “gravando” internamente desde os primeiros anos.

 

Segundo Ronnie Solan, o livro propõe-se responder às seguintes questões:

 

Por que razão é tão complicado manter um relacionamento satisfatório?

De que modo é que a vivência em casal se constitui como uma espécie de arte, cujos elementos começam na infância e continuam sob inúmeras formas e variações ao longo da vida?

Por que motivo – quando finalmente escolhemos um companheiro(a) ou marido (esposa) – arriscamos destruir o relacionamento sob a influência do impacto de experiências dolorosas vividas na infância?

 

Como podemos preservar e cuidar a cooperação, a felicidade e o amor na relação com o(a) nosso(a) companheiro(a) ou marido(esposa)?

 

Recomendamos, portanto, a viagem descrita no sentido de um maior entendimento sobre estas questões. Sublinhamos também que no encontro deste tipo de respostas, a psicoterapia pode fornecer um grau elevado de autoconhecimento que permita uma maior lucidez sobre os aspetos referidos e, simultaneamente, incrementar competências para desenvolver um conjunto de relacionamentos saudáveis com os outros próximos e consigo mesmo.

Mais informações sobre o livro e sobre a autora em www.ronniesolan.com

 

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